Estava frio, mas não do tipo que aumenta com a escuridão até que você esteja tão frio que se esquece com quem está ou onde você está andando. A atmosfera era escura e aterrorizante; como queria uma roupa de moletom... O truque era se manter em movimento e, tanto quanto eu estava preocupado, desde que não havia calçada em frente, eu poderia ter continuado andando para sempre. Dada a oportunidade, eu provavelmente teria, mas eu tinha um vôo logo cedo, há noite não parecia suficiente.
No longo caminho, vi um pedaço de papel amarelento empoeirado num banco na calçada sob um poste de luz.
Fortaleza, Ceará ainda era um lugar novo para mim, cheio de complexidades e maravilhosidades que meus olhos arregalados, sem dúvida, me rotularam TURISTA a todos os espectadores atentos. Mas eu não me importava, o sorriso tímido em meu rosto deu-me passagem para ir longe. Uma corrente constante de vida noturna da cidade levou-me para baixo do tráfego bloqueado, veias antes de carros me levou para fora em uma trilha. Um rio sinuoso logo ao lado, com assentos na primeira fila para um horizonte cintilante.
Não havia esquecido o pequeno papel que achei e que guardei no bolso sem ao menos ter um vislumbre do que estava escrito ou fotografado.
Foi deslumbrante ver aquela praia com os barcos peixeiros, uma das raras ocasiões na vida que você pensa consigo: “Como a vida é boa”. A praia puxando envoltos em luzes brilhantes jusante em um ritmo preguiçoso como o riso abafado que soltei e o tilintar de cristal derramado para fora em algum lugar a bordo. Sentei pela beira da água e bebi à noite maravilhosa e estrelada que fazia. As gaivotas poucos corajosas escolheram gastar seus tempos na calçada olhando o meu sorvete contra pairando sobre o lixo da praça de alimentação. Ou seja o que for que elas faziam. Tudo na frente dos meus olhos pareciam 20% mais claro, a noite era profunda, o mundo parecia mais brilhante do que eu me lembrava há poucas horas antes, o ambiente da cidade maçante, buzinas soavam em meus ouvidos e eu tive que me lembrar de manter respiração, porque foi tudo muito empolgante. Há momentos na vida em que você se encontra desejando que estivesse em algum outro lugar (por qualquer motivo, bom ou mau), mas nesta noite, não havia nenhum outro lugar do planeta que teria sido melhor. Foi impecável. Então continuei andando.
Pilares de pedras revestias ao lado do rio, meu lado, logo explodiu plumas grandes de fogo para o céu em uma fogueira feita na praia. Mais de trinta metros de distância, eu podia sentir as chamas quentes no meu rosto e me senti bem no ar da noite viva.
Logo há frente, vi uma sombra. Uma silhueta vinda até mim. Fiquei paralisado. A adrenalina que foi solta em meu corpo no momento desencadeou um profundo cala-frio dos mais severos em minha espinha.
Eu sou um menino de Jacareí e ela era uma garota estadunidense, mas nós sentíamos a queimadura fria em nossos dedos.
Eu gostei da maneira que nós dois dizíamos as mesmas palavras. Há algo muito musical sobre sotaque dela, eu sempre pensei assim.
Lentamente nós fizemos o caminho de volta... De volta através da cidade da maneira que vim, e de repente estávamos de volta onde começamos, dizendo adeus tímidos, embora parecia que havia sido apenas um Olá. E depois é só assim, ela tinha ido embora.
No elevador no caminho de volta para o meu quarto, lembro-me de respirar fundo e pensar, "Uau... Eu nunca vou esquecer esta noite."
Abri o papel em meu bolso já no quarto. Li então:
“Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.”
(inspirado em fatos reais)
30 comentários:
Poético...Lindo seu post
Belo texto, lindas flores, magnífica poesia de Drumond.
Um belo presente a minha tranquila noite de sábado.
Beijo na alma
Saudações Poéticas!
Oi Poeta que conto maravilhoso, e o final receber um papel com esse poema lindo de Carlos Drummond de Andrade, só pra poeta especial assim como tu. Eu adorei,e a cada dia mais amo ler você. Desejo um ótimo fim de semana cheio de coisas especiais. Beijo grande!
Smareis
Lindo demais Paulo!
Se eu tivesse lido sua história antes de publicar meu post de hoje diria que havia me inspirado nele.
Publiquei um pensamento de madre Teresa de Calcutá que diz:"Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação".
Beijo e linda semana!
Noosssa Paulo!!! Você tem muito talento!!! Acho que poderia ser roterista de filmes!!! Imaginei as cenas do teu conto em um filme!!! Muito bom mesmo!!!
Ah!!! Amei a poesia!!! CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE é meu poeta favorito!!!
Bia :)
Lindo teu post.Poema maravilhoso de Carlos Drummond "Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim." Quanta verdade nestes versos!Somos assim quando amamos, nos esquecemos de nós.Somos apenas sentimento.As flores que ilustraram o poema são meigas e doces e enfeitaram condignamente teu post.Amei! Bjs no coração Eloah
romance e encanto, poesia maravilhosa para que nos lembremos de que amar só depende de nós e de mais ninguém. Amor nasce connosco e se por alguma razão se desvirtua em nosso caminhar, então, se perdeu a alma.
kandandos... inté Paulo!
Paulo,
Eu adoro Carlos Drummond e esse poema é divino!!!
Bjs!
Escrever é um dom divino e você o tem.
Amei ler seu conto... Muito bom. Parabéns!
Abraços! Uma feliz e abençoada semana pra ti.
Essas belezas que sucedem na vida da gente é que nos movem no à-frente-sempre! Parabéns pela fina percepção!
Oi Paulo!!!
Gostaria de saber escrever assim, é tão difícil descrever os sentimentos da alma, você é perfeito!!!
Bjinhos e tenha uma linda semana!!!
Olá, Paulo! Muito bom, este texto!
Só não prometo vir muitas vezes porque já estou com imensa dificuldade em manter os meus blogs em dia...
Abraço grande e obrigada pela visita e por este texto! :)
Perdi meu olhar na paisagem da tua emoção...Lindo texto, arrematado pela poesia perfeita de Drummond...Beijos meu querido.
Olá amigo Paulo
Se as pessoas tivessem consciência do quanto se proteger é bom para elas. creio que esse tal dia nem existiria. porém, eu acho que independente de fazerem marketing para os preservativos, conscientizar as pessoas dos problemas de um sexo não seguro já torna a campanha boa.
obrigado por comentar meu amigo
abraços
boa noite!
Boa noite Paulo,
O conto é envolto de romantismo, suavidade e boas sensações. O poema inserido de Drummond dá o polimento e o encaixe perfeito ao bonito conto. Parabéns!
Beijos com carinho.
Bom dia Paulo,
É a primeira vez, que entro em seu blog.
Que deslumbramento! Que bem, que você escreve!
O design do seu blog é divino: praia e céu.
Adorei este texto. Fala de amor, supremo sentimento.
Parabéns.
Beijos de luz.
afectosecumplicidades.blogspot.com
Que romântico, adorei o texto!
bjs
Tenha um ótimo feriadinho!
Um conto que nos prende até o final, muito bom seu espaço.Parabéns.
Belo post meu amigo, que esse sonhos seja eterno de amor e paz...abraços de bom feriado.
OLÁ PAULO!
VIR AQUI NO TEU BLOG ENRIQUEÇO O MEU DIA,PARABÉNS PELO TEXTO, SEU POST EM GERAL ESTÁ MARAVILHOSO!
BEIJOS.......
boa noite paulo como sempre maravilhoso texto e poesia..continue assim que deus lhe abençoe grandemente a cada dia...bjosss simone
lindo poema, que romantico!
beijinhos, boa quinta
Drummond é demais
BJ
http://www.alfinetesdemorango.com/
Foi muito gratificante ler o seu conto, Paulo. Rima com o poema de Drummond, no conteúdo de descrever o amor.
Parabéns pela sensibilidade de captar os momentos tão sublimes da vida, e transcrevê-los nos seus contos.
Um abraço.
Adorei e muito obrigada pela visitinha lá no blog, volte sempre "!
Tenha uma ótima sexta-feira, $:
Beijos ;*
PAULO MUITO BOM, UM CONTO QUE NOS PRENDE DO INÍCIO AO FIM, GOSTO MUITO DO JEITO QUE VOCÊ ESCREVE PARABÉNS E O FINAL COM O POEMA DE DRUMMONT FECHOU COM CHAVE DE OURO, PERDOE SE DEMOREI A VIR É QUE ME MUDEI DE CASA E O TRABALHO FOI ÁRDUO E DEMORADO, COISA CHATA MUDANÇA, BEIJOS LUCONI
Paulo..paabens pelo seu talento!
Amei demais seu conto... muito inteligente a maneia como vc conduziu sua narrativa.
O poema de Carlos drumond, perfeito!!
Linda semana a vc!!
Amo o Drummond, ele é quem sabe das coisas :)
Sabes Paulo? Não sabes...
Me roubaram os sonhos e me deixaram os pesadelos.
E ando numa procura dos meus sonhos...ajuda-me a encontrar alguns...e mais pessoas ajudam...eu sei
e agradeço. Um dos sonhos se chama "esquecimento"
e também foi roubado...
Com ternura, saudades,
Mª. Luísa
Que poema divino! Também amoooo Drummond, e o que é a vida se não amar?!
Beijosss..
natyfigueiredo.com
olá meu blog tava meio abandonado + estou de volta
vou lhe seguir abçs
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